Resenha: A Casa dos Muitos Caminhos, por Diana Wynne Jones

03 de Junho de 2024

★★☆☆☆

O que dizer de um livro que não prometeu nada e não entregou nada também?

A experiência foi bastante diferente da que eu tive lendo O Castelo no Ar. Enquanto aquele livro me incomodava inúmeras vezes por conta do romance tão desenvolvido quanto uma folha de sulfite em branco, da trama água com açúcar e das decisões duvidosas da autora, neste aqui eu tive a incrível oportunidade de me entediar até a morte.

Praticamente não há plot, ou melhor, é apenas a partir de 70% do livro que temos a sombra de um plot, mas até chegar neste ponto eu já estava tão desinteressada que eu nem me interessei tanto. E ele vai se desdobrando de maneira tão devagar que chega a ser insuportável, sim eu quero entender esse negócio da falta de dinheiro do reino, mas antes vamos observar essa personagem imprestável reclamar de ter que limpar a casa e sair emburrada batendo o pé com um livro na mão. Obras em que a trama é movida pelo personagem são possíveis e muito legais quando feitas corretamente, mas para isso precisamos ao menos de um personagem cativante, coisa que aqui não temos.

A protagonista, Charmain, é insuportável. No começo, eu tentei passar um pano para ela, mas chegou uma hora que não deu mais, ela chega a ter uma pitada de desenvolvimento lá para o final, mas assim como a falta de plot, eu já havia desencantado com a personagem, então não me comprou. O Peter não é tão ruim, ele é ok, mas ver ele se bicando com a Charmain não me entreteu, Diana Wynne Jones tentou fazer um Sophie e Howl 2.0 e falhou miseravelmente.

Novamente ocorreu uma aparição especial dos personagens do primeiro livro, e essa sem dúvidas foi a parte mais legalzinha, confesso que o Howl criança fofinha roubou a cena, bem que eu queria que o livro fosse no ponto de vista deles, seria infinitamente melhor.

Como é que você tem um cenário de tanto potencial como uma casa mágica em que há portas que levam a cômodos escondidos, e o desperdiça 80% do tempo tendo os personagens vivendo na imundície para aprender a fazer coisas básicas tipo lavar a louça?!

Outra questão que eu gostaria de levantar é a seguinte, por que uma mulher, criadora de um reino fantástico autoral onde temos feitiços; criaturas mágicas; castelos animados; demônios do fogo; casas encantadas; entre outros, faria um sistema de monarquia tão retógrado e patriarcal? O fato dessa ser uma obra infanto-juvenil é irrelevante, por que diabos fazer um reino em que a coroa é herdada apenas por homens?

Com exceção da Charmain, a autora fez tanta questão que as mulheres nesse universo se casassem e tivessem filhos que nem a cachorra saiu ilesa, senhor.

Eu não sei tão bem como me sentir sobre esse universo agora, após ler dois livros tão insossos eu penso que O Castelo Animado foi um ponto fora da curva, porque é o único da trilogia que chega a ser bom. Há sim potencial, mas a autora escolheu seguir personagens irrelevantes e sem carisma, e tramas rasas. Se alguém estiver se perguntando sobre dar uma chance aos dois últimos livros, ou se deve comprar o box, a minha recomendação pessoal é parar no primeiro, mesmo.