Resenha: Osamu Dazai and the Dark Era, por Kafka Asagiri & Sango Harukawa

13 de Março de 2024

★★★★☆

Eu tenho muito viés para falar dessa light novel porque o Oda é o meu personagem favorito, mas vou tentar ser justa aqui na medida do possível. Então, vou começar pelos pontos negativos.

Como a segunda light novel de BSD, ela compartilha dos mesmos defeitos da primeira, que são as cenas de ação. Não vou saber dizer se isso acontece em light novels no geral, ou só é um detalhe especifico dessa e do Volume 1 (Exame de Admissão do Osamu Dazai), mas creio que não, pois não senti esse problema em Stormbringer. Imagino que seja difícil descrever cenas de ação engajantes, especialmente as envolvendo "poderzinho", mas apesar de aqui a habilidade do Oda ter sido muito bem inserida, essas cenas ainda pecam com descrições um tanto entediantes (Ex: "Eu fiz tal coisa, dei um soco, desviei, posicionei meus braços de tal forma, etc"). Falta emoção, eu entendo que o Oda está sangrando quando é me dito que ele levou um tiro e apareceu uma mancha vermelha na camisa dele, mas cadê a emoção nisso? A cena da explosão no ônibus é um bom exemplo; enquanto no anime ela é direto ao ponto, na light novel é uma perseguição enrolada que acabou atrapalhando o impacto do momento, porque não há emoção, é o Oda narrando ele correndo atrás dos carros.

Além disso, falando nessa cena, aquele "AHHHHHHHHHHHHH!!!" era realmente necessário?? Tirou toda a seriedade do negócio kkkk

Senti que demorou um pouquinho para a trama arrancar, mas talvez isso tenha sido mais uma impressão minha do que tudo, como eu já sabia o que ia acontecer. Ademais, não é muito diferente do que adaptaram para o anime, com a exceção da mudança na ordem de alguns acontecimentos e do corte GIGANTESCO na cena em que o Dazai e o Oda conhecem o Ango. Não, sério, que absurdo eles terem cortado tudo aquilo do anime, é uma cena muitíssimo importante não somente por ser uma interação relevante entre os três, mas também para entendermos melhor o Ango como personagem, dá a ele um contexto muito grande e, quando mais tarde o plot twist é relevado, todas as peças se encaixam de maneira orgânica.

Um personagem que apareceu pouco, mas que sempre vai ter minha afeição é o Akutagawa. É triste pensar que ele poderia não ter tantos traumas e não ser tão maltratado se tivesse sido resgatado pelo Odasaku ao invés do Dazai. Vê-lo tentando lutar contra o Oda só para se provar para o Dazai partiu meu coração, eu achei interessante que até o próprio Oda parece ter ficado meio sentido com isso. Adoro essa cena, quem sabe num outro universo... *cof cof* ...beast *cof cof*

Os flashbacks do Oda mais novo conversando com o Natsume foram muito bons. Eu não consigo evitar sentir muito por tudo o que acontece com ele, "Um mafioso que não mata", todo aquele discurso dele para o Dazai, ele se despedindo dos órfãos no quarto vazio, a cena curta dele com o Ranpo... Inclusive, interessante ele não se lembrar do Ranpo aqui (e o Ranpo não se lembrar dele), me pergunto se foi mesmo proposital ou se o Asagiri ainda não havia decidido que eles se conheceriam aos 14/15 anos.

É interessante que não odeio tanto o André Gide aqui quanto eu o odiei vendo o anime, talvez seja pelo fato do verdadeiro culpado de tudo ser o Mori, mas a conversa dele com o Oda e a forma como eles "se aceitaram" logo antes da morte me fez ter um pouquinho de empatia por ele, só um pouquinho. Ele é de fato um grande adversário, no fim das contas.

Essa light novel é puro suco de Bungou: tem tragédia; comédia (apesar de bem pouco, nesse caso); personagens interessantes; crianças morrendo; mais motivos para odiar o Mori. Eu considero esse arco no anime como o momento em que oficialmente me tornei fã de Bungou Stray Dogs, não somente porque o Odasaku é incrível e um dos melhores personagens, mas por todo o desenvolvimento da trama, desde a introdução até o clímax final. No geral, mesmo tendo uma adaptação até que fiel pelo anime, sua leitura é uma experiência reconfortante (ainda que deprimente) e foi bom revisitar esse arco e esse personagem pelo qual tenho tanto carinho.