Resenha: Guardas! Guardas!, por Terry Pratchett
17 de Setembro de 2024
★★★★☆
Terry Pratchett, meu amor, eu nunca vou falar mal de você.
Em um gênero onde quem se sobressai são os heróis, os tiranos, ou os rebeldes, aqui seguimos um grupo de... guardas. Enquanto num livro qualquer de fantasia os guardas seriam parte do plano de fundo; personagens terciários que aparecem apenas em momentos críticos para, geralmente, atrapalhar o herói, aqui eles são os personagens principais. Isso abre inúmeras possibilidades, afinal, quem é que espera que o dia seja salvo por sujeitos tão ordinários? E Pratchett explora isso de maneira magnífica e muito bem humorada.
"Pode ter sido apenas um espectador inocente, senhor", disse Cenoura.
"O quê? Em Ankh-Morpork?"
"Sim, senhor."
"Nós deveríamos tê-lo pego, então, só pelo valor de raridade."
Os personagens são carismáticos e engraçados, especialmente o Capitão Vimes e a Lady Sybil Ramkin. Toda a situação envolvendo o dragão é completamente absurda e hilária, mas nada me chamou tanto a atenção quanto o macaco bibliotecário que desafia as leis do tempo e espaço (?), simplesmente o meu favorito. Os guardas são um grupo e tanto, e confesso que adorei vê-los agindo sem a presença do Vimes para guia-los no final. Já falei do humor desse livro?? A tão aclamada Morte de Discworld fez algumas aparições e eu fiquei encantada em cada uma delas (apesar de curtas). Sem contar, é claro, nas críticas fantasiadas pela comédia que o Pratchett faz tão bem.
Várias religiões em Ankh-Morpork ainda praticavam sacrifícios humanos, exceto que eles não precisavam mais praticar porque haviam se tornado muito bons nisso
Eu tenho algumas particularidades com esse livro, mas que não dizem tanto a respeito do livro em si, e sim do meu próprio gosto literário. A verdade é que eu não gosto de fantasia medieval. Pronto, falei. É difícil para que eu simpatize com esse gênero, leva paciência e dedicação minha (Li 70% de Eragon e fiquei com um bloqueio tão grande que não toquei em outro livro por 1 ano). Então era de se esperar - mesmo que eu gostaria que não fosse o caso - que eu levaria tempo para me sentir confortável com essa obra, e dito e feito. O começo foi ok, mas ia chegando no meio do livro e eu comecei a enrolar, e enrolar, e enrolar... Até que eu percebi que estava procrastinando a leitura, e como alguém que tem uma meta anual de livros a ser cumprida, resolvi deixá-lo de lado e terminei outros dois livros nesse meio tempo. Quando enfim retomei a leitura, foi como se nada tivesse acontecido e terminei a segunda metade na velocidade da luz, vai entender.
Apesar de minha experiência no mínimo desanimadora do começo, eu não tenho críticas negativas, ou melhor, não consigo encontrar coisas para falar mal desse livro (e olha que eu adoro falar mal!!), então só posso concluir que a insatisfação inicial vem somente de mim mesma. Foi como eu falei em minha resenha de Nerve, às vezes aquilo só não é para você mesmo e está tudo bem... Exceto que nesse caso não está tudo bem, eu amo o humor do Terry Pratchett e acho um absurdo que eu não consiga aproveitá-lo da forma como o mesmo merece. Então é nesta triste nota que venho-os informar que vou demorar para pegar outro livro dele para ler.
Tendo dito isso, leiam Guardas! Guardas! porque esse livro merece toda a exaltação do mundo e as obras do Pratchett precisam ser valorizadas no BR imediatamente.