Resenha: Jogos Vorazes, por Suzanne Collins

09 de Outubro de 2024

★★★★☆

Meus planos de começar essa trilogia (ou ao menos o primeiro livro) vieram de forma repentina, porque essa é uma daquelas obras que parece que todo mundo já viu, menos eu. Distopia Y/A não é necessariamente um gênero que vou atrás para ler, mas fico feliz de ter ido atrás deste.

Logo de cara, a escrita desse livro me trouxe estranhamento; textos em primeira pessoa não é bem um atrativo para mim, mas o que me pegou foi a escrita no tempo presente, nunca havia lido um livro com esse estilo e fui pega de surpresa. Com o passar dos capítulos, entretanto, fui me acostumando e chegou num momento em que eu nem reparava mais nisso. Acho que a autora tentou, de qualquer forma, chocar o leitor no início ao apresentar a personagem principal e o mundo em que ela está inserida e deixar-nos horrorizados, e eu sou super a favor, afinal o texto é uma distopia, mas confesso que dei uma risada da forma diretona com que a Katniss comenta que viu o pai morrer na explosão na mina; ela cita o fato sem mais nem menos, no meio de um parágrafo, como se fosse para ser um jumpscare e, para mim, isso deu um efeito um tanto cômico na coisa toda.

As cenas de ação são *chefs kiss*. Não tinha ideia do quanto poderia gostar dessa obra porque - surpreendentemente, eu sei - nunca assisti aos filmes, então tive uma surpresa agradável ao encontrar-me ansiosa para saber o que ia acontecer depois de cada cena.

Torci muito para a Katniss, gosto que ela é durona, mas na quantidade certa e sua personalidade não se revolve em torno disso, muito pelo contrário, por estarmos na cabeça dela (e é aqui onde eu fico grata pelo texto em primeira pessoa), conhecemos suas fraquezas e sabemos como ela realmente é por trás da expressão que tenta ao máximo não mostrar sentimentos. A relação dela com a mãe foi algo que me deixou intrigada, é uma situação sem dúvidas complexa, mas não consigo deixar de simpatizar com a Katniss.

Sobre os outros personagens, começo pela Rue - preciso falar da Rue, - é a melhor personagem secundária desse livro, mesmo que, tecnicamente, tenhamos passado tão pouco tempo com ela, não pude deixar de ficar triste quando ela se foi. Nada é tão deprimente quanto ver uma criança, que deveria ter toda uma vida a sua frente, ter um final tão trágico. A cena da Katniss envolvendo o corpo dela de flores foi muito bonita. Senti que as mortes do Thresh e da Cara de Raposa foram um tanto anti climáticas, como se a autora propositalmente não quisesse ver um embate entre a Katniss e um deles, o que sinceramente achei uma pena. E deixar o Cato jogado às bestas foi.... Uhm, certamente uma decisão, mas até que essas coisas não me incomodaram tanto.

Minha maior reclamação sobre a trama é, claro, o romance. Eu genuinamente gostei dos Jogos, fiquei bastante engajada com toda a tensão da arena e a situação da falta de comida/perigo, além disso, a Katniss é uma protagonista incrível. Tenho um fraco por personagens que usam arco e flecha e adorei vê-la caçar e se defender dos outros tributos. Tudo piorou quando ela decidiu ir atrás do Peeta... Não tenho nada contra ele, juro, nada mesmo, acho ele um personagem ok, mas... Bom, pelo ponto de vista da Katniss eu super compreendo existir esse "romance", já que ela quer encenar para a Capital garantindo a própria sobrevivência e tal, mas a partir do momento em que nós somos obrigados a ler eles dando beijocas numa caverna enquanto estão os dois ferrados ali eu me vi ficando de saco cheio. Mal podia esperar para que eles saíssem dali e fossem atrás do Cato acabar com isso de vez, mas ao invés disso, a perna do Peeta só piorava e eu era obrigada a continuar com os dois nessa babação. Só de raiva, espero que ela termine os próximos livros com o Gale!

Também me frustrou, de certa forma, o final do livro. Está certo que ele tem continuação, mas terminá-lo com esse gancho sobre o romance dos dois foi realmente a melhor escolha? Não sei, não.

Apesar disso, estou seriamente investida e agora pretendo pegar o próximo da trilogia o mais rápido o possível. Eu sei que as minhas críticas parecem mais severas do que meus elogios (e que o parágrafo em que falo mal do livro é o maior de todos), MAS acreditem em mim quando digo que realmente gostei e minha experiência foi bem agradável.