Resenha: Em Chamas, por Suzanne Collins
05 de Novembro de 2024
★★★★☆
Sinto como se tivesse terminado esse livro na velocidade da luz, só não digo que devorei ele porque não foi bem assim, mas que eu li ele numa rapidez bizarra, eu li.
Estreito meus olhos em direção aos meus pés e vejo que meu prato de metal está cercado por ondas azuis que sobem por cima de minhas botas. Lentamente, levanto os olhos e consigo distinguir a água se espalhando por todas as direções. Só consigo formar um único pensamento claro: esse não é um lugar para uma garota em chamas.
Me lembrou muito o primeiro da trilogia, especialmente por estarmos de volta a arena, mas achei que a maneira como a autora inseriu os Jogos na narrativa foi bastante criativa e os detalhes bem inéditos, com toda a coisa da arena ser uma espécie de relógio e os tributos serem vitoriosos de anos passados.
Toda a situação dos levantes e da possível revolução me deixam muito animada e é o que mais espero ver lendo essa trilogia. Presenciar (mesmo que pouco e de longe) as reações dos distritos e as duas sobreviventes do 8 em sua busca pelo Distrito 13 me intriga muito pelo que ainda há por vir. Gosto muito de toda a simbologia do tordo, mas é engraçado como a Katniss não tem ideia de que ela se tornou o símbolo dessa futura revolução, mesmo com tanta gente deixando isso bem óbvio na cara dela.
Falando nela, a coitada da Katniss aqui está bem surtada e um tanto iludida com essa ideia de que ela vai salvar o Peeta, mas primeiramente eu não julgo ela, acho que ela teve todo o direito de surtar ao saber que ia participar dos jogos DE NOVO (quem não surtaria?? imagine você ter de passar por uma experiência traumática, estar aliviada daquilo ter acabado, para não muito tempo depois ter que enfrentar aquilo outra vez?), segundamente, os outros personagens acabam sendo muito mais racionais que ela, então é bom ver que todos sabem que manter o Peeta vivo não é mesmo o ideal. O problema do recurso (que não precisa ser um problema, se bem utilizado) de se ter uma narrativa em primeira pessoa é isso, ficamos presos à cabeça da Katniss e a maluquice dela, enquanto as coisas são bem diferentes no mundo real.
Detesto a decisão de manter os protagonistas ignorantes a algo que todo mundo dentro da trama sabe, isso sinceramente me irrita muito porque é como se nós, leitores, estivéssemos sendo enganados junto do personagem principal. Pode até ter resultado em um plot twist interessante, porém não deixa de ser frustrante. E olha que, enquanto eu lia, eu reparei muito bem no detalhe do Plutarch Heavensbee mostrando o relógio com o tordo para a Katniss e sobre os outros tributos estarem propositalmente querendo se aliar à ela e o Peeta, achei suspeito de cara, mas... O fato de SÓ A KATNISS (e o Peeta, ok) não estarem sabendo de tudo me incomodou.
O triângulo amoroso está aqui de volta e eu me recuso a elaborar novamente sobre isso, já falei o que eu tinha que falar na resenha do primeiro livro, aqui apenas reitero que por mim ela terminaria ou com o Gale, ou sozinha. Nada contra o Peeta, mas ele está muito mais investido no romance do que ela e não sei como ele continua insistindo nisso sabendo que ela não corresponde aos sentimentos dele da mesma maneira.
É um bom livro, mas tem jeito de ser apenas uma ponte entre os acontecimentos do primeiro e do terceiro livro ao invés de ser um livro por si só. Não estou acostumada a ler trilogias então pode ser que isso seja normal, e não me incomodou de qualquer forma porque eu já pretendia ler os três de uma vez. Prefiro o primeiro, sim, mas não vi piora em relação a ele, foi satisfatório.