Resenha: Os Sete Maridos de Evelyn Hugo, por Taylor Jenkins Reid

19 de Março de 2024

★★★☆☆

Esse livro é bom, se você ler de cabeça totalmente vazia com nenhum neurônio funcionando. A leitura é fluída, mas a escrita da Taylor Jenkins Reid é simples e rasa como um pires. Se você procura um livro sobre uma celebridade dos anos 50 que detalha os glamoures de hollywood enquanto traz uma boa representatividade LGBTQ+, essa obra deixa a desejar em tudo isso.

Vou começar pelos pontos positivos, para não parecer que eu odiei o livro. Harry é o melhor personagem; o mais carismático, e a amizade dele com a Evelyn é muito bonita, sem dúvidas o ponto alto da história. O plot twist do final - o motivo de Evelyn escolher Monique para escrever a biografia dela, me surpreendeu e achei bem colocado. Gostei que a Monique teve um pequeno desenvolvimento no final, mesmo que não elaborado da melhor forma.

Assim, as intenções da autora são boas, dá para ver que são, e eu realmente penso que tudo foi feito até que com certo cuidado para não passar nenhuma desinformação, mas é sinceramente lamentável a forma como a autora pega na mãozinha do leitor para que ele entenda certos tópicos. Chega a ser engraçado as "lacradas" que a Evelyn dá na Monique algumas vezes no meio do enredo. É como se a autora não confiasse na nossa interpretação.

Parece muito que a autora teve a ideia do título e elaborou o resto da história a partir desse conceito, é como se a maioria dos "sete maridos" tenham sido colocados de última hora, pra encher linguiça. Eu entendo que a ideia no fim seria a que a gente se interessasse mais pela Celia, mas bem... O romance com a Celia, novamente, por mais que tenha sido desenvolvido na melhor das intenções, não me comprou. O relacionamento entre as duas, mesmo que a Evelyn dissesse várias e várias vezes o quanto se amavam, não convenceu. A Celia ficava brava porque a Evelyn não queria simplesmente arriscar a vida toda por ela, sendo que gente?? A homossexualidade naquela época era um escândalo!! Além disso, ela era bifóbica com a Evelyn sem razão alguma, e saía brava batendo o pé e ainda queria que a Evelyn fosse rastejando até a ela pedir desculpas. Claro que ela não foi a única culpada de tudo, a Evelyn também deu umas mancadas feias, mas o que eu quero dizer é, que relacionamento ruim, viu? Como que alguém torce pra isso?

Boa parte da trama se passa nas décadas de 50, 60, 70 e... você não sente. Se não houvessem as datas em cada um dos "tablóides de fofoca" que apareciam, não daria para diferenciar nada. A autora não se deu o trabalho de caracterizar cada época da devida forma, se não tivessem as datas poderia tudo muito bem estar acontecendo no ano de nosso senhor 2024 e quase não haveria diferença. Também achei que faltou um foco na carreira de atriz da Evelyn, a gente não sabe praticamente nada da interpretação dela, só se ela resolveu mostrar os peitos em filme x. Tá bom então né.

Enfim, não quero fazer pensar que esse é um livro horrível, não é nada disso, mas ele poderia ter sido muito bem melhor. Acho que o que me pegou nesse livro é que, além de ter gostado muito do Harry, ele não me fez sentir nada. Não torci para nenhum personagem, nada. Nem mesmo o romance com a Celia eu odiei, até achei suportável, só não torci para ele. O que eu quero dizer com isso é que ler esse livro é como tomar um copo de água da torneira no calor: dá pra tomar, mas bem que eu gostaria que a água estivesse geladinha e refrescante.